gr. τέλος, télos: completude, fim, finalidade. gr. entelécheia: estado de completude ou perfeição, atualidade. Figura nas doutrinas aristotélicas onde significa o ser no estado de acabamento e de perfeição. Aristóteles usa como sinônimo de enérgeia; embora na Metafísica enquanto o ato (enérgia) é a ação (érgon), a enteléquia é o fim realizado da ação.


That to which what is conducive as such refers is designated as τὸ τέλος. (Heidegger, GA18:58)


A diferença entre τέλος e τὰ πρός τό τέλος é ο original grego para a oposição clássica do fim aos meios. O fim é, no entanto, o que cumpre e completa. Os meios, por outro lado, o que o veicula. É um encaminhamento até lá. Não se trata necessariamente de um instrumento. É porque o instrumental não é um fim em si próprio, mas serve de encaminhamento até ao objetivo proposto que também ele é um meio. O anseio é a abertura ao fim. A decisão, por outro lado, é abertura ao meio ou aos modos de chegar ao objeto de anseio. Não decidimos ser felizes, mas ansiamos por ser felizes. Só decidimos, bem ou mal, do modo de chegar à felicidade.


Para Brisson & Pradeau (2002 p.137), Aristóteles emprega o termo entelecheia (que se poder traduzir por “realização”) para designar o ato perfeito e completo, que alcançou sua meta (seu telos). Este ato pode ter duas significações: “a enteléquia se toma em um duplo sentido; ela é por vezes a ciência, por vezes como o exercício da ciência” (De Anima, II, 1, 412a22-24, em seguida II, 5, 417b9-17). Trata-se de uma enteléquia segunda quando a ciência é possuída e exercida, e de uma enteléquia primeira quando a ciência não senão possuída.


entelécheia: estado de completude ou perfeição, atualidade

1. Embora Aristóteles use normalmente entelecheia, que é provavelmente de seu cunho pessoal, como sinônimo de energeia, há um passo (Metafísica 1050a) que pelo menos sugere que os dois termos, embora intimamente ligados, não são perfeitamente idênticos. Estão relacionados através da noção de ergon: ergon é a função de uma capacidade (dynamis) e assim a sua completude e realização (telos). Por isso o estado de funcionamento (energeia) «tende para» o estado de completude (en-telecheia), especialmente por Aristóteles já ter salientado (ibid. 1048b) que energeia difere de kinesis pelo fato da última ser incompleta (ateies), enquanto a primeira o não é.

2. O uso mais curioso que Aristóteles faz de entelecheia é provavelmente a sua substituição por eidos na definição de alma, que assim se torna (De anima II, 412a): «a primeira entelecheia de um corpo natural que potencialmente tem vida». (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)