(in. Neo-Platonism; fr. Néo-platonisme; al. Neuplatonismus; it. Neoplatonismó).
Escola filosófica fundada em Alexandria por Amônio Saccas no séc. II d.C., cujos maiores representantes são Plotino, Jâmblico e Proclos. O neoplatonismo é uma escolástica, ou seja, a utilização da filosofia platônica (filtrada através do neopitagorismo, do platonismo médio e de Fílon) para a defesa de verdades religiosas reveladas ao homem ab antiquo e que podiam ser redescobertas na intimidade da consciência. Os fundamentos do neoplatonismo são os seguintes:
1) caráter de revelação da verdade, que, portanto, é de natureza religiosa e se manifesta nas instituições religiosas existentes e na reflexão do homem sobre si próprio;
2) caráter absoluto da transcendência divina: Deus, visto como o Bem, está além de qualquer determinação cognoscível e é julgado inefável;
3) teoria da emanação, ou seja, todas as coisas existentes derivam necessariamente de Deus e vão-se tornando cada vez menos perfeitas à medida que se afastam d’Ele; consequentemente o mundo inteligível (Deus, Intelecto e Alma do mundo) é distinto do mundo sensível (ou material), que é uma imagem ou manifestação do outro;
4) retorno do mundo a Deus através do homem e de sua progressiva interiorização, até o ponto do êxtase, que é a união com Deus.
No neoplatonismo costumam ser distinguidas as seguintes escolas: Siríaca, fundada por Jâmblico; de Pérgamo, à qual pertencem, entre outros, o imperador Juliano, chamado o Apóstata; de Atenas, cujo maior representante foi Proclos. Mas a influência das doutrinas fundamentais do neoplatonismo sobre muitas correntes do pensamento filosófico foram e continuam sendo profundas.
O “platonismo” do Renascimento na realidade é um neoplatonismo que repete, com algumas variações, as teses acima expostas. As variações que caracterizam o neoplatonismo renascentista (de Cusa, Pico della Mirandola e Ficino) são relativas à maior importância atribuída ao homem e à sua função no mundo, de acordo com o espírito geral do Renascimento . O neoplatonismo inglês, ao contrário, é uma forma de racionalismo religioso que floresceu na escola de Cambridge no séc. XVII (Cudworth, Moore, Whichcote, Smith, Culverwel): por um lado, opõe-se ao materialismo de Hobbes e, por outro, sustenta que as ideias fundamentais da religião foram impressas diretamente por Deus na razão e no intelecto do homem, e por isso precedem o conhecimento empírico das coisas naturais. Mas mesmo no neoplatonismo inglês são muitos os temas do Renascimento, especialmente de Ficino. (Abbagnano)