eidos (Peters)

17. Os eide continuaram a ser importantes na filosofia posterior. Os eide aristotélicos que são imanentes à matéria e dirigem toda a estrutura teleológica dos existentes individuais foram incorporados no estoicismo como os logoi spermatikoi. A versão transcendental platônica dos eide parece ter cedido perante a crítica aristotélica, mas eles reaparecem na tradição platônica com Antíoco de Ascalão (Cícero, Acad. post. 8, 30-33). Mas sendo este um tempo perigoso para a ortodoxia, bem depressa os eide estão a ser interpretados como os pensamentos de Deus (Fílon, De Opif. 4, 17-20; Albino, Epit. 9, 1-2). Embora Platão tivesse negado um estatuto puramente noético aos seus eide (ver acima 11), a noção deve ter encontrado algum apoio na Academia (ver Aristóteles, De anima III, 429a). Mas foi sem dúvida a designação aristotélica de Deus como nous que foi aqui o fator mediador, encorajado seguramente por toda a metáfora platônica de mimesis com a sua forte sugestão de que aquilo que Aristóteles chamou causa formal existe primeiro como um paradeigma no espírito do artífice antes de se tornar imanente às coisas. Assim, ao postular os eide como os pensamentos de Deus, postulado que continua através de Plotino (ver Enéadas V, 1,4) até à Cristandade, e ao mesmo tempo mantendo os eide aristotélicos como causas formais imanentes com uma orientação no sentido da matéria (ver Fílon, De opif. 44, 129-130), chegou-se a uma solução, pelo menos parcial, para o dilema da imanência vs. transcendência. Mas o problema continuou importante no platonismo, discutido com profundidade por Plotino (Enéadas IV, 4) e Proclo (Elem. theol., prop. 23); ver noeton.

Para as dificuldades epistemológicas decorrentes da transcendência, ver agnostos; para a hierarquização dos eide no platonismo tardio, hypostasis; para os eide dos indivíduos, hyle; para a localização dos eide tanto nas suas manifestações transcendentes como nas imanentes, nous; noeton. [Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters]