Este personagem fabuloso impressionou a imaginação de Hölderlin e de Nietzsche, que quiseram fazer dele o tema de tragédias que nunca terminaram. Para Hölderlin, Empédocles é o herói romântico, devorado pelo desejo do infinito; para Nietzsche, é «o homem agonal» no qual se afrontam o século do mito e do orgiasmo e o do racionalismo1. Schopenhauer confessou-nos igualmente a sua dívida para com Empédocles. Mas convém citar, sobretudo, Freud, que vê na filosofia grega uma espécie de precursor da sua teoria, segundo a qual o mundo é o teatro onde se afrontam Eros e Tânatos, os instintos de vida e os instintos de morte2.
A visão trágica que Empédocles nos legou deve atingir-nos por mais de um motivo. Sendo mestres e senhores da natureza, podemos orgulhar-nos de ter feito do nosso mundo algo mais que o teatro onde o Amor e o Ódio se entregam a furiosos combates? Esses mesmos combates inserem-se ou não no seio de um Amplo Pacto? E tudo apenas combinatória ou será preciso apelar para uma hermenêutica para que todas as combinações estudadas adquiram verdadeiramente um sentido que delas não pode provir? (Jean Brun, “Pré-Socráticos”)