Platonismo Latino

Extrato de Brisson, Luc (1998), “La Platonisme”, in Monique Canto-Sperber (dir.), Philosophie grecque. PUF, Paris.

Uma história da filosofia na Antiguidade não pode dispensar de fazer uma menção particular à tradição latina, e isso por duas razões.

A tradução em latim de textos filosóficos escritos em grego não deixou de colocar problemas desafiadores: por exemplo, traduzir physis por natura, e psyche por anima, eulogon e pithanon por probabilis, energeia por evidentia, modifica profundamente o sentido das noções em questão. Em outros termos, a tradução em latim das noções filosóficas mais importantes na filosofia grega fez do Platonismo latino um ramo relativamente autônomo. Isso dito, nos restam poucas traduções das obras de Platão em latim. O primeiro tradutor de Platão permanece sendo Cícero. São Jerônimo lhe atribui uma tradução do Protagoras. Fragmentos de uma tradução do Timeu por Cícero subsistem. A tradução feita por Calcidius permanece sendo no entanto bem mais importante pela quantidade e pela qualidade, na medida que é acompanhada de um comentário. Sidônio Apolinário menciona uma tradução do Fédon por Apuleio.

Por outro lado, as filiações intelectuais se fazem em um outro contexto e apresentam uma significação particular, na medida que elas prolongam à Idade Média a tradição grega no Império do Oriente, e a tradição latina no império do Ocidente. O Platonismo latino conhece as mesmas fissuras interpretativas que o Platonismo grego: Nova Academia para Cícero e Aulu-Gelle, médio Platonismo para Apuleio, Calcidius e Firmicus Maternus, e Neoplatonismo para Macróbio, Marius Victorinus, Martianus Capella e Boécio.

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