Segundo Brisson & Pradeau (2002 p. 130), Plotino no Tratado-2 dialoga com os estoicos em sua distinção de quatro “gêneros primeiros” de ser. Os estoicos distinguiam quatro “gêneros primeiros” do ser, no sentido que só os corpos são seres. Trata-se do ser subjacente (hypokeimenon), quer dizer da substância; do ser qualificado (poion), quer dizer da substância qualificada; do ser disposto de certa maneira (pos echon), quer dizer da substância qualificada disposta de certa maneira, por exemplo um punho não é nem uma mão, substância qualificada, nem outra coisa que uma mão, mas uma mão disposta de certa maneira; e o ser disposto de certa maneira relativamente a algo (pros ti pos echon), quer dizer uma substância qualificada disposta de certa maneira, mas somente em relação a algo outro. Todo corpo possui um substrato, é determinado por tais e tais qualidades, encontra-se em tais e tais disposições, e encontra-se engajado em tais e tais relações. Sou certa massa de matéria; sou um homem, e este homem individual que sou; sou sabedor ou ignorante; sou pai de meus filhos e amigo de mesu amigos. Em Platão, encontra-se duas ocorrências de pos echon com outro sentido em Crátilo 440a2 e Leis X 967a6.
Gêneros do Ser
- Enéada IV, 7, 14 — As almas dos viventes individuais
- Enéada IV, 7, 15 — As almas sobrevivem à desaparição dos corpos.
- Enéada IV, 7, 2 — A alma não é um corpo e ela não é corporal.
- Enéada IV, 7, 3 — Refutação das definições epicuriana e estoica da alma
- Enéada IV, 7, 4 — A alma não é nem sopro nem uma “maneira de ser”.
- Enéada IV, 7, 5 — O corpo não pode ser o princípio nem da existência nem do movimento.
- Enéada IV, 7, 6 — Se a alma fosse um corpo, não teria sensação
- Enéada IV, 7, 7 — Se a alma fosse um corpo, não teria sensação (2)
- Enéada IV, 7, 8 — Se a alma fosse um corpo não teria pensar.
- Enéada IV, 7, 9 — A alma é princípio de vida: ela tem o ser e a vida por ela mesma.