A primeira pessoa a pensar sobre o tempo filosoficamente, ou seja, de uma forma mais ou menos abstrata e buscando compreender a causalidade do tempo, foi provavelmente Anaximandro. Ao postular “o Ilimitado” (juntamente com seu movimento) como o único elemento “eterno” do universo, esse filósofo grego antigo postulou o tempo (χρόνος), que, ao contrário do princípio ilimitado de todas as coisas, é gerado, como aquilo que determina a geração e a corrupção dos seres. A noção de tempo de Anaximandro estava obviamente ligada ao entendimento comum do tempo como aquilo em virtude do qual os seres vivos, uma vez nascidos, passam por vários estágios da vida, envelhecem, definham e, eventualmente, morrem. Pensava-se que todo ser vivo tinha suas “idades”, ou seja, seus períodos de vida, cuja soma era coextensiva e, portanto, de alguma forma reguladora da duração de sua vida. Essas “idades” eram medidas pelo “tempo”, por exemplo, pelo ciclo anual das estações ou pelo próprio ano. O conceito filosófico posterior de tempo como um “número” (ἀριθμός) determinante da existência de alguma coisa, um conceito proeminente na filosofia grega desde Platão, tem origem nessa intuição arcaica sobre o tempo. (Golitsis, 2023)