Tag: Eudoro de Sousa

Eudoro de Sousa (1911-1987), filósofo de origem portuguesa que se mudou para o Brasil, vindo a ser um dos fundadores do Dept. de Filosofia da UnB. Visite: Eudoro de Sousa

  • Eudoro de Sousa (78): Heráclito – Fogo

    78. O «fogo» é uma das cifras mais importantes e significativas, na codificação heraclitiana da realidade e, por isso mesmo, das mais equívocas. Quem poderá agaloar-se por alguma vez ter enunciado um juízo acerca do fogo, em que se declarasse sem ambiguidade o que ele é, nos diversos contextos de tão numerosos fragmentos que o…

  • Reescrever a “História da Filosofia”

    Eudoro de Sousa respondendo a interlocutor sobre sua “leitura” de Parmênides afirma: …uma inclinação, que sempre foi minha, para mais relevar o que aproxima, do que chamar a atenção, com repicar de sinos ou bramidos de trompas, para o que separa e opõe os filósofos que leio e medito. Talvez seja este, outro aspecto da…

  • Pensadores Pré-socráticos ou Originários

    Excertos de Eudoro de Sousa, “Horizonte e Complementaridade” A solução do problema da origem, ou das origens, da filosofia, na Grécia, ou se achará nela mesma, como interpretação da primeira filosofia originada, ou fora dela. Neste caso, é de recear que indefinidamente tenha de ser adiada, posto que, até agora, ainda ninguém bateu à porta,…

  • Eudoro de Sousa : Tales é o primeiro filósofo?

    (Eudoro de Sousa, “Horizonte e Complementaridade”) A filosofia, na Grécia, tem por certidão de nascimento um texto de Aristóteles repetidamente citado e minuciosamente comentado (Met., I, 3, 983 b 6 e segs.): «a maioria dos primeiros filósofos, acreditaram que os únicos princípios (arkhás) de todas as coisas (hápanta tà ónta) são os de índole material;…

  • O panta theon plere de Tales

    O panta theon (ou daimonon) plere, atribuído a Tales, não se equaciona, sem dificuldades, com qualquer concepção tradicional do politeísmo helênico do período arcaico, e só parece harmonizar-se com a notícia de Diógenes Laércio sobre um aspecto do hilozoísmo jônico, onde se diz que «até os próprios entes inanimados têm alma, crença esta, a que…

  • Eudoro de Sousa: Xenófanes e Pitágoras

    Não nos move, nem de leve, o intuito de escrever uma história, ainda que parcelar, da filosofia grega. Mas, a fim de restabelecer o paralelismo (ou, talvez, a convergência) da codificação mítica e da codificação lógica do mistério do horizonte, que, vê-lo-emos em breve, Parmênides revelou o quanto pôde, há pelo menos dois nomes que…

  • Eudoro de Sousa: Xenófanes e o Divino

    Não há que perder muitas palavras, no intuito de provar que entre o frg. 16 e o frg. 23 passava uma linha, dividindo uma parte negativa de uma parte positiva. O poema, ou o sector do poema, que teria por objecto «Deus e os deuses», preludiava, pela crítica ao politeísmo de Homero e Hesíodo, uma…

  • Eudoro de Sousa: Xenófanes e o “Motor-Imóvel”

    A fulgurante exposição de Jaeger merece dois reparos. O primeiro é que só um excessivo entusiasmo pode responder pela relação direta entre Xenófanes e Aristóteles, quanto ao « motor imóvel » — cujos pré-requisitos nos parecem todos contidos na teoria aristotélica do movimento; acontece, apenas, que o Estagirita, como seu Mestre, tem de recorrer à…

  • Dualismo psicofísico

    (Excertos de Eudoro de Sousa, “Horizonte e Complementaridade”) Desde a primeira edição da Psique de Erwin Rohde, reina entre filólogos e historiadores da filosofia um acordo quase unânime acerca da origem não grega deste segundo «momento» do primitivo pitagorismo, o dualismo psicofísico. Corpo e alma, no homem e em todos os seres viventes; matéria e…

  • Eudoro de Sousa (77): Heráclito – Harmonia dos Opostos

    77. Depois deste rodeio necessário e inevitável, tendente a demonstrar que a descoberta da coincidência dos contrários pressupõe uma «conversão», reverso ou recôncavo sujetivo de uma «revelação» — prossigamos falando deles, com o sentido sempre posto no frg. 57, em que vimos alinharem-se, de algum modo, Hesíodo, Parmênides e Heráclito. Entre Parmênides e Heráclito, assinalamos…

  • Origem

    O «originado» pode considerar-se sincrônica ou diacronicamente: mas a «origem» do originado, só ucronicamente. A origem preside tanto ao início, quanto ao meio e ao término do originado que nos apareça via processionis. Quer dizer, a origem e o originado não podem situar-se no mesmo plano ou nível de realidade. Onde está a origem de…

  • Eudoro de Sousa (HC:50) – Parmênides

    (DE SOUSA, Eudoro.  Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 90-93) 50. Quem, desprevenido de especulações, percorra a bibliografia de Parmênides, dos dois ou três últimos decênios, mas bem atento à diversidade das versões de alguns fragmentos em idiomas modernos, não poderá esquivar-se a uma impressão desconcertante. Com efeito,…

  • Eudoro de Sousa: Sobre a tradução de ápeiron por «indiferenciado»

    Cremos que nem tão grande tenha sido a alteração semântica da palavra que invalide a interpretação de Cleve (The Giants of pre-sophistic Greek Philosophy, II, 352-353) da mesma palavra no frg. 28 de Empédocles: «The only meaningful interpretation of pampan apeíron is here ‘completely without limitations, withouth any borders’ — inside the Sphairos: if that…

  • Poema de Parmênides – Proêmio

    1. As éguas que me tiram tão longe quanto o desejo alcance, escoltavam-me, guiando elas, quando me enviaramc | puseram na via no celebrado caminho da divindade | o caminho que a divindade percorre, | que por (sobre) todas as cidades conduz o homem vidente (sapiente). Por ele me conduziam, por ele me levaram os…

  • Poema de Parmênides – Fragmento 2

    2. «Pois bem; vou dizer — e tu acolhe as minhas palavras depois de as escutar — quais são os caminhos da inquirição, os únicos pensáveis. Um caminho: ‘que é’ e não é possível não ser. Esta é a via da persuasão (e a persuasão acompanha a verdade). Outro caminho: ‘que não é’ e necessariamente…

  • Poema de Parmênides – Fragmentos 9-19

    9. Porém, como todas as coisas de Luz e de Noite denominadas foram, e conforme suas virtudes os nomes receberam, repleto ficou o Todo de Luz e Noite sem Luz, das duas igualmente, pois nenhuma das duas participa de Nada. 10. «Conhecerás a natureza do Éter e os signos (que estão) no Éter, e do…

  • Aristóteles (Eudoro de Sousa)

    Escritos na Internet Depósito Internet Archive Exposição elementar de alguns pontos de maior relevo na filosofia de Aristóteles, segundo E. P. Lamana, História da Filosofia, I (tr. cast. por Eudoro de Sousa), pp. 207 e segs. O maior dos discípulos de Platão foi Aristóteles de Estagiro (384-322 a. C.), que iniciou sua reflexão partindo da…

  • Eudoro de Sousa (HC:53) – Sobre o Poema de Parmênides, fragmento 8

    (DE SOUSA, Eudoro.  Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 95-97) 53. A charneira da «Via da Verdade» e da «Opinião dos Mortais» encontra-se nos últimos versos do frg. 8. Aqui, mais do que em qualquer outra passagem, exuberantemente se confirma a verdade do que afirmávamos acima: qualquer tradução…

  • Eudoro (HC:54) – Poema de Parmênides Fragmento 8 – Comentários

    54. Com excepção das linhas grifadas (em itálico), que correspondem aos vv. 53-54, as quatro versões concordam tanto quanto possível, atendendo à estrutura própria de cada idioma e ao gosto literário dos tradutores. Também é certo que aí o original grego explicita o próprio sentido, sem ambiguidades. Mas, chegando aos versos assinalados, o leitor desprevenido…

  • Eudoro de Sousa: Física dos Pré-Socráticos

    Assinalemos na literatura historiográfica os seguintes pontos: 1) para os antigos, todos os pré-socráticos são físicos, isto é, todos teriam escrito livros «acerca da natureza» (peri physeós); 2) quando Aristóteles afirma que a doutrina física de Tales de certo modo depende dos theológoi, quer dizer, daqueles que filosofaram «tomando a Noite como ponto de partida»…