Sob o pórtico do templo de Zeus liberador em Atenas, uma conversação entre Sócrates, Demodocos e seu filho Teages, do qual se aprende na República que o regime imposto por sua saúde frágil o desvia da política e o leva à filosofia. Teages deseja se tornar “sábio” e provoca seu pai para que faça a despesa que lhe permitiria frequentar os sofistas.
Mas Demodocos permanece perplexo e demanda conselho a Sócrates que se volta então para Teages para se informar da meta que este último persegue. Teages quer adquirir o saber, mas que saber? Ele confessa a Sócrates, que o pressiona com questões, que ele aspira à dominação das cidades. Em definitivo, é a ciência política ou à tirania que aspira propriamente Teages. A que mestre deve se dirigir? Àqueles que bem evidentemente são especialistas neste domínio, quer dizer àqueles que exercem ou exerceram o poder. Mas Teages se lembra que Sócrates não cessa de recordar que os homens políticos se revelam incapazes de formar seus próprios filhos. Desde então, Teages propõe a Sócrates de se tornar seu mestre, proposição que apoia Demodocos. Sócrates hesita, a princípio porque ele não possui qualquer saber. Por conseguinte, ele deve levar em consideração a voz divina que tem o hábito de se manifestar para ele para o desviar de uma ação. Teages tomará Sócrates por mestre, se o signo divino não o impeça disto.
O interesse do Teages reside no fato que aí se encontra a tentativa de interpretação mais antiga do signo divino de Sócrates, fenômeno sobre o qual não se cessou de se interrogar desde a Antiguidade até nosso dias; pode-se mesmo dizer que todo o diálogo converge para este final. A Antiguidade não parece ter tido qualquer dúvida sobre a autenticidade deste diálogo que Thrasyllus põe no início da quinta tetralogia, junto ao Cármides, ao Laques, e ao Lysis; de sua parte Elieno (início do século III de nossa era) cita vários extratos sem emitir a menor dúvida a este respeito. Em revanche, quase todas as críticas modernas se entendem para declarar inautêntica este diálogo cujo estilo imita tão bem aquele de Platão, mas cujos empréstimos desajeitados ao Primeiro Alcibíades e ao Teeteto são evidentes. (Brisson, PLATON, OEUVRES COMPLÈTES)
Estrutura dada por Léon Robin à versão francesa da obra completa de Platão: PLATON : OEUVRES COMPLÈTES, TOME 2
- Prólogo
- Que saber Teages deseja adquirir?
- Posto que é o saber político, junto a quem aprenderá?
- Este saber, só pode adquirir junto a Sócrates
- O Demônio de Sócrates
- Epílogo