– S. Chamas pensar ao que faço? – T. O que é que chamas a isso? – S. Um discurso que a alma faz a si própria e que mantém consigo mesma sobre as coisas que examina. Para dizer a verdade, não lhe estou a explicar isto como um cientista, porque é a imagem que tenho de uma alma pensante: não faz outra coisa senão falar consigo própria, fazendo e respondendo a perguntas, afirmando e negando. Quando, depois de ter posto mais ou menos lentidão e rapidez no seu movimento, definiu a sua paragem, suprimiu a dualidade do seu enunciado e diz doravante a mesma coisa, é isso que designamos como a sua opinião. Assim, pela minha parte, equiparo o opinar ao discurso e a opinião à enunciação, não em voz alta e para os outros, mas em silêncio para si próprio. [Platão, Teeteto 189e-190a, versão Louis Guillermit]