Plotin Traités 7-21. Dir. Trad. Luc Brisson e Jean-François Pradeau. GF-Flammarion, 2003.
Plano detalhado do tratado.
Capítulo 1: A alma deve se conhecer a si mesma para reencontrar “o deus que é seu pai”
1-3. Porque a alma esqueceu sua origem e sua fonte divinas?
3-22. Em virtude de sua independência ontológica, a alma se lançou no sensível, se afastando assim de seu princípio; assim fazendo, ela esqueceu sua natureza, para apreciar em revanche as realidades que lhe são inferiores.
22-35. É preciso dois discursos que ensinem à alma quais são sua natureza e sua origem, para que ela possa empreender a busca do princípio que a engendrou.
Capítulo 2: A natureza da Alma do Mundo e sua atividade
1-9. A alma é a fonte da vida e do movimento de todas as coisas
10-27. de que maneira a alma provê a vida a todas as coisas?
27-42. A alma cerca o mundo inteiro e o anima estando presente em tudo ao mesmo tempo; ela introduz em todos os seres vivos um elemento divino.
42-51. A alma individual é “do mesmo gênero” que a alma do mundo, eis porque toda alma é mais digna de honra que tudo aquilo que é corporal.
Capítulo 3: O Intelecto engendra a Alma e lhe é ao mesmo tempo superior e anterior
1-12. A Alma é uma imagem do Intelecto que a engendrou, como o discurso “pronunciado” é uma imagem “expressada” do discurso “interior”.
12-20. A Alma recebe sua capacidade de raciocinar do Intelecto, e ela é em ato quando dispõe seu olhar sobre as coisas que o Intelecto compreende nele mesmo, as formas inteligíveis.
20-25. A Alma é como uma matéria inteligível e o Intelecto é como a forma que informa, eis porque o Intelecto é superior à Alma.
Capítulo 4: O Intelecto e as realidades inteligíveis nada mais são que “pensar” e “ser”
1-10. O Intelecto é o modelo do mundo sensível; ele compreende nele mesmo todas as realidades inteligíveis.
10-25. O Intelecto e as realidades inteligíveis são eternas, imóveis e imutáveis, pois não buscam modificar seu estado de felicidade absoluta. O Intelecto só faz pensar esta realidades que possui nele mesmo, sendo portanto sempre em ato; é todas as coisas juntas na eternidade, enquanto ao nível da Alma todas as coisas estão dispersadas, particulares e submetidas ao tempo.
26-33. O Intelecto e o mundo inteligível são pensamento e ser ao mesmo tempo; a causa destas realidades deve ser buscada além delas.
33-43. Os termos “primeiros”, que compõem a estrutura fundamental do mundo inteligível, são o Intelecto, e logo o ser, a identidade e a diferença, o repouso e o movimento; deve-se, em seguida, aí aditar a quantidade, o número e a qualidade.
Capítulo 5: Quem engendrou o Intelecto e as realidades inteligíveis?
1-6. Sendo múltiplo, o Intelecto não pode ser o primeiro princípio, toda a unidade e a simplicidade devem ser absolutas. É portanto o Uno que produz o Intelecto e o ser, a multiplicidade e o número.
6-9. O número inteligível provém da ação do Uno, que produz e determina a díade indeterminada.
10-19. Assim como ele produz e determina a díade indeterminada, fazendo assim surgir nela o número inteligível, do mesmo modo o Uno produz e “informa” o Intelecto, fazendo assim surgir nele as formas inteligíveis que são seus pensamentos.
Capítulo 6: Como o Intelecto foi engendrado pelo Uno?
1-8. A Alma quer compreender porque o Uno não ficou nele mesmo e como produziu a multiplicidade.
8-17. O Uno é imóvel nele mesmo como uma divindade em um santuário.
17-22. Tudo o que ele produz não está no tempo, mas na eternidade..
22-27. Tudo aquilo que nasce do Uno provém dele sem que ele o queira e sem que ele seja movido.
27-37. O Uno produz as coisas que vêm depois dele sem ser diminuído, como o sol produz a luz.
37-44. Todas as coisas, que chegam à maturidade, engendram. O Uno, que é sempre perfeito, engendra sempre realidades eternas que, como o Intelecto, lhe são no entanto inferiores.
45-53. O Intelecto engendra a Alma que lhe é inferior. Toda a realidade engendrada tem necessidade do princípio que a engendrou e deseja se unir a ele.
Capítulo 7: O Intelecto é uma imagem divisível do Uno indivisível?
1-5 O Intelecto se assemelha ao Uno que o engendrou, mas o Uno não se assemelha a ele.
5-23. O Uno engendra o Intelecto, mesmo se permanece absolutamente diferente dele, pois é ‘potência de todas as coisas”. Por sua potência ilimitada e porque é ele mesmo desprovido de forma, o Uno pode produzir e “informar” o Intelecto e todas as coisas; em participando da potência do uno, o Intelecto é “tornado perfeito”.
23-36. Todas as coisas existentes adquirem sua forma e sua determinação em virtude do Uno. O Intelecto contém as realidades inteligíveis nele mesmo, assim como Cronos, segundo o mito, “engolia” seus filhos depois de tê-los engendrados.
36-49. Um vez engendrado e tornado perfeito pelo Uno, o Intelecto engendra a Alma que dele depende e que dele é “informada”. A Alma é a última das realidades divinas.
Capítulo 8: Exame dos filósofos anteriores: Platão e Parmênides de Eleia.
1-10. Platão já tinha compreendido que existem três níveis da realidade correspondendo ao Uno, ao Intelecto e à Alma.
10-14. As teses expostas por Plotino só são interpretações das doutrinas filosóficas anteriores, e antes de tudo dos escritos de Platão.
14-23. Parmênides de Eleia dispôs a unidade do pensamento e do ser, mas não chegou ao Uno no sentido próprio.
23-27. O “Parmênides de Platão” distingue em revanche entre o “Uno” em sentido próprio, o primeiro princípio, o “um-muitos” que admite nele mesmo a multiplicidade, o Intelecto, e o “um e muitos” que é a Alma.
Capítulo 9: Exame dos filósofos anteriores: Anaxágoras, Heráclito, Empédocles, Aristóteles e os pitagóricos
1-7. Anaxágoras, Heráclito e Empédocles distinguiram o mundo sensível da realidade inteligível, sem todavia chegar a apreender a unidade absoluta do primeiro princípio.
7-27. Aristóteles reconheceu a superioridade do intelecto divino que compreende nele mesmo os inteligíveis, mas dispôs este intelecto como o primeiro princípio, enquanto de fato esta realidade múltipla não é uma unidade absolutamente simples.
28-32. Com Platão, os pitagóricos são os únicos filósofos antigos que apreenderam a natureza suprema do Uno.
Capítulo 10: Toda alma individual guarda nela mesma uma imagem das três hipóstases
1-10. O Uno, o Intelecto e a Alma se encontram não somente na realidade, mas também “em nós”, na nossa alma.
10-21. A faculdade racional de nossa alma permanece sempre no mundo inteligível, mesmo quando o “resto” da alma desce ao corpo. Eis porque ela é “em si”, “no exterior” do corpo.
21-31. É preciso que a alma em seu conjunto se separe do corpo em eliminando toda “inclinação” para os sensíveis, para poder ascender inteira no mundo inteligível de onde provém.
Capítulo 11: A alma individual tem nela mesma o Intelecto e o Uno
1-8. A alma tem nela mesma o Intelecto que possui as formas, e em virtude do intelecto que ela pode “raciocinar”. Se o Intelecto está presente na alma, é preciso que ele aí tenha também o princípio e a causa do Intelecto, o Uno.
8-15. O Uno também está presente na alma: pode-se perceber e alcançar o primeiro princípio.
Capítulo 12: Se nossa alma possui “coisas tão grandes”, porque permanece frequentemente inerte e inativa?
1-10. As realidades de “lá em cima” são sempre ativas e puras, enquanto que nossa alma, que é composta de várias faculdades, deve se servir logo de sua faculdade sensível. Logo nós só podemos conhecer quando a sensação é levada ao ato por um objeto que a “atravessa”.
10-21. A faculdade sensível deve consagrar sua atenção àquilo que se encontra “no interior” da alma ela mesma, e negligenciar os “ruídos sensíveis” que vêm do exterior para se consagrar à escuta dos sons “interiores” que provêm de “lá em cima”.