Aristóteles

Aristóteles de Estagira, na Trácia (384-322): discípulo de Platão durante 20 anos; preceptor de Alexandre Magno, em 325, funda, em Atenas, o “Perípato”.

Escritos principais (para a cronologia e autenticidade cf. W. Jaeger, Aristóteles, 1923 (trad. espanhola: Aristóteles, 1946); P. Gohlke, Aristóteles und sein Werk, 1948; 3. Zurcher, Aristóteles. Werk und Geist, 1952): Escritos lógicos: Organon, que contém: Categorias, Peri Hermeneias (sobre o juízo), Primeiros Analíticos e Segundos Analíticos (sobre o raciocínio), Tópicos (raciocínio provável), Refutações dos sofismas (sofismas); escritos metafísicos: os que versam sobre a “Filosofia primeira”, denominados, mais tarde, “Metafísica,”; a obra Peri Kosmou (sobre o mundo), admitida como autêntica por Gohlke; de contrário, acrescentada ao Corpus Arislotelicum por volta do ano 100 d. C; escritos de filosofia natural: Física, Tratado da alma; escritos sabre ética: Ética a Nicâmaco, Ética a Eudemo, Política (teoria do Estado). (Brugger)


ARISTÓTELES, filósofo grego (Estagira, na Macedónia, 384 — Caleis, na Eubeia, 322 a.C). Filho do médico do rei Filipe, discípulo de Platão durante vinte anos, é o fundador da escola peripatética. Os tratados de Aristóteles são notas de cursos, reunidas numa vasta enciclopédia e divididas em quatro grupos: 1.° a lógica (os Analíticos), cuja influência foi considerável na Idade Média, onde suscitou a escolástica. Foi Aristóteles quem estabeleceu as definições de “dedução” e de “indução”, e quem desenvolveu as noções de “conceito”, de “juízo”, de “raciocínio”, tais como são hoje utilizadas correntemente; 2.° as obras de filosofia da natureza (a Física), que desenvolvem uma filosofia vitalista reivindicada por Leibniz, Schelling e mesmo por Bergson; 3.° uma Metafísica, que explica a origem do movimento no mundo a partir de Deus, “ato supremo”. Problema não resolvido é o de saber se Deus, em Aristóteles, é imanente ou transcendente ao mundo; 4.° uma moral prática (Ética a Nicômaco, Política), que conjuga visões retrógradas da Antiguidade (necessidade da escravidão, noção de raças inferiores) com concepções inovadoras e modernas (papel do meio geográfico, econômico e social sobre os indivíduos, ideia de uma política fundada na experiência). Em torno da doutrina de Aristóteles, em particular de sua lógica e de sua teoria do conhecimento, é que se desenvolveu toda a filosofia da Idade Média, da qual foi o oráculo e a inspiração. (V. peripatetismo.) (Larousse)


O nosso percurso em Aristóteles procura identificar o seu paralelismo relativamente ao platônico: na neutralização do horizonte dos entes que são por natureza (τὰ φύσει ὄντα (ta physei onta)) relativamente ao horizonte da situação humana específica (πρᾶξις (praxis)); na apresentação dos elementos para uma analítica da excelência (ἀρετή (arete)), como sendo a oposição do horizonte patológico e dos seus limites prazer-sofrimento (ἡδονή-λύπη (hedonelype)), ao horizonte do λόγος (logos) onde se pode constituir uma disposição da lucidez humana (ψυχή (psyche)) que visa uma completude para a vida humana; no modo como se experimenta a verdade desocultante (ἀλήθεια (aletheia)) da situação humana (πρᾶξις (praxis)), enquanto limite da dimensão da vida situada (πρακτικὴ ζωή (praktike zoe)), a partir da convocação do λόγος que permita não destruir a habitabilidade no mundo. (CaeiroArete:19)

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