A filosofia de Empédocles, não nos surpreenderemos de tal depois do que ficou dito, atribuía uma importância muito grande à metempsicose. Esta visão escatológica tinha antecedentes na tradição órfico-pitagórica, mas podia igualmente encontrar nas teorias empedocleanas da associação e do ciclo dos seres um apoio para as suas posições. Certos comentadores pretenderam defender que o sistema de Empédocles não admitia uma alma ou deuses concebidos como algo diferente do resultado da agregação das raízes elementais, agregação votada, como tudo o que existe, ao desmembramento e ao desaparecimento. Todavia, Empédocles fala. do modo mais claro possível, das almas que habitam o homem e que são demônios caídos, que foram lançados no mundo dos corpos e têm de passar por numerosas formas de vida antes de poderem ter esperança de uma libertação (fgt. 115). O maior dos crimes é fazer correr o sangue, porque se corre o risco de interromper um ciclo de reincarnações. Por tal razão, os sacrifícios são intoleráveis (cf. fgt. 137) e é proibido comer carne.
Por isso, o ciclo dos elementos e das raízes do mundo integra-se, ele próprio, num outro ciclo, o do Amplo Pacto, no qual se desenrola a infelicidade de uma existência, recordando e desejando o que lhe falta e que poderia curá-la de si própria. (Jean Brun, “Pré-Socráticos”)