O Tratado 8 das Enéadas de Plotino, que Porfírio reterá como último na ordenação que impôs, ilumina — com o permanente bemol que representa a pequena palavra hoion — mais uma espécie de despossessão de si que uma integral manutenção da singularidade individual em uma íntima união ao Uno. Que, no entanto, a introversão unitiva seja a princípio “dom” e “amor”, capaz, sem que “se perca” Nele, de pôr o homem em relação de intensa proximidade com um Bem qualificado, no Tratado 3 (Enéadas V, 5, 12), — em termos muito antropomórficos para ser tomado à letra — de “benévolo” (epios) e de “favorável” (prosenes), — é o que atesta notadamente este Tratado 38 onde Plotino — ousando o que então lhe pareceu “temerário” — mostra a alma totalmente purificada que, pronta a conhecer uma imensa alegria (toson eupatheias), além dos desagravos do corpo, de todas as honras, de todas as riquezas do mundo e mesmo de todas as formas do “saber”, realmente “só no Só” (mone Monon), não mais dois mas todos os dois um: (oud’eti duo, all’hen ampho”, Enéadas VI, 7, 34). (Maurice de Gandillac, Plotin)