O que pode ser dito da alma se aplica ao mesmo tempo, mutatis mutandis, à Alma do Mundo e às almas particulares. A alma é aparentada à natureza mais divina e eterna. Ela não tem corpo (Eneada-III, 6, 6), logo não tem figura exterior (schema), nem cor, e não se pode tocá-la. A alma que não está unida a um corpo contém nela os melhore bens que são as virtudes. Ela pertence ao universo divino e eterno, ela é parente do divino e unida a ele por natureza: ela é portanto completamente imortal. Mas tudo o que é juntado à alma, o corpo, por exemplo, para as almas descidas aqui em baixo, a diminui: a inteligência em seu estado de pureza nada vê do que é mortal, mas ela se vê naquilo que é inteligível e puro; com o que nela é imortal ela considera o imortal, todo o inteligível, o mundo luminoso, iluminado pela verdade que vem do Bem. Ela é semelhante ao divino. Logo é preciso que a alma (humana) se purifique para chegar a conhecer tudo isso, como uma estátua da qual se retirou a ferrugem (Eneada-IV, 7, 10). Se toda alma fosse corruptível ela teria perecido desde muito tempo. Com efeito para Plotino o mundo não teve começo. Não se pode dizer que se a Alma do Universo é imortal a nossa não o é e não se saberia dar as razões de tal afirmação. Cada uma é princípio de movimento, cada uma vive por ela mesma e sua inteligência as põe em contato com as mesmas realidades, aquelas do céu astral, aquelas que estão além do céu, a saber o mundo do Alto, quando elas buscam tudo aquilo que tem ser, e que sobem até o princípio primeiro. A alma é una e simples e não pode se decompor pois ela não tem elementos: ela é indestrutível (Eneada-IV, 7, 12). Embora não admitindo nenhuma divisão ela é veiculada por todos os seres porque estes últimos não podem ser sem ela: ela é como no círculo o centro de onde partem os raios. A alma é ao mesmo tempo una e múltipla, una por ela mesma, múltipla pelos corpos que anima e que são compostos de partes: mas ela é inteiramente em cada parte (Eneada-IV, 2, 1; Eneada-VI, 2, 4). Esta multiplicidade coexistindo com a simplicidade poderia também ser constituída pelas razões disto que é produzido: « a alma é razão e a soma das razões: as razões são seu ato quando ela age segundo sua essência » (Eneada-VI, 2, 5).

A alma, tanto aquela do mundo quanto a individual, participa ao mesmo tempo do mundo inteligível e do mundo sensível, mas diferentemente. A alma individual participa necessariamente ao ser ser sensível pois ela se encontra “no último degrau do inteligível como confinando com a natureza sensível”. Se ela se aprofunda com bastante ardor no sensível ele aprende o mal: este conhecimento do mal pode implicar um conhecimento maior do bem, para aquelas que não tiveram a força de se guardar em segurança. Mas a Alma do Mundo não põe jamais nesta situação inferior onde ela poderia sofre o mal: em considerando o que está abaixo dela, ela se apega sempre ao que está acima: este contato com as realidades do alto ela o busca àquelas que estão em baixo (Eneada-IV, 8, 7). (HCOP)