Sommerman
Zeus (Dzeús), palavra grega que, conforme Platão em sua obra Crátilo, significa “aquele por meio do qual”.
Zeus é, portanto, a Inteligência divina criadora “por meio da qual” tudo o que existia como Essências e Formas (Arquétipos) no Mundo Pré-Olímpico — que é o Mundo Inteligível, o Mundos das Essências e das Ideias (Eidos) — recebe corpos espirituais no novo Mundo que ele cria.
Zeus é o Noûs-Demiurgo, o Segundo Noûs, que exerce a função de Arquiteto do novo Mundo. Esse Segundo Noûs, o Noûs-Demiurgo também é perfeitamente descrito no início do Corpus Hermeticum1 e nos Oráculos caldeus2. Como vimos, ele corresponde ao segundo aspecto ou à segunda “Face” do princípio divino que a tradição Iorubá chama de Obatalá (Oxalá), a primeira Face deste sendo Crono.
O primeiro-Noûs é Crono, a Inteligência divina estrito senso ou o Noûs divino (correspondente à sefirá Bina na Cabala) que olha para as essências que estão espelhadas na Sabedoria divina, Reia (Chochmá na Cabala), e as manifesta dando a elas Formas arquetípicas. A Inteligência demiúrgica: Zeus (o Segundo Noûs), é chamada pela tradição egípcia de Heka, a Magia divina, que conglomerando as forças arquetípicas do Mundo Divino traz para a existência corpos espirituais tangíveis, ainda que espirituais e incorruptíveis. Assim como o Noûs divino deu Formas arquetípicas para as Essências divinas, o Segundo Noûs (o Noûs-Demiurgo) cria para essas Formas arquetípicas corpos espirituais, constituídos de uma corporalidade ou substancialidade espiritual e (77) uma parte ou centelha da Alma espiritual (a segunda Afrodite: neshamá, na Cabala) primordial.
O mito grego, na sequência de seu relato, nos conta então que Reia, seguindo o conselho de sua mãe Gaia, substitui imediatamente o seu sexto filho recém-nascido, Zeus, por uma pedra envolta em roupas de criança, de modo que Crono engole essa pedra pensando se tratar do filho. Enquanto Crono cai no “embuste”, Reia confia o pequeno Zeus aos cuidados das divindades chamadas Náiades, que o criam dentro de uma gruta.
E o mito segue, dizendo que quando Zeus se tornou uma força madura, ele decidiu ajudar sua mãe, Reia, a dar sequência à cosmogonia ou criação dos Mundos, libertando as cinco forças divinas, seus cinco irmãos que estavam no ventre de Crono, seu pai. Para realizar essa ação demiúrgica — criadora dos outros Mundos que nascerão abaixo do Mundo Pré-Olímpico e como “espelhos” dele —, conta com o auxílio de sua primeira mulher, a titânida da segunda geração Métis, que é a Inteligência Prática, e da sua segunda mulher, a titânida da primeira geração Têmis, que é a Justiça divina. Sugere, então, à sua mãe, que a solução é alguém dar a Crono um vomitivo. Reia se oferece para fazer isso e, quando Crono ingere esse líquido, vomita primeiro a pedra e depois Héstia e os seus quatro outros filhos. Tem início assim a criação do Mundo Olímpico, que é o Nível de Realidade no qual passam a existir os entes espirituais criados a partir de seus arquétipos no Mundo Divino, dotados de uma corporalidade, de uma alma espiritual e de uma vontade livre. Apoiando-se na Bondade que está nele e que é um reflexo da divindade supremamente boa (Reia-Crono e Urano-Gaia) que está acima dele e a partir da qual ele cria, Zeus (essa potência divina inteligente de criação universal) (78) busca excluir desse Universo que ele gera toda desordem, e que apenas a beleza e o bem dominem nessa criação: “que não haja nela nada de vil”3.
Kiingsley
Hesiod wrote a famous poem about farming. And one of its most constant themes is that to work the earth is sacred, is a deeply religious activity. Above all it happens to be sacred to Zeus, father of the gods; it has to be done in complete obedience to Zeus’ laws.
This has more than a little significance as far as Empedocles is concerned. For not only in those few lines where he explains how his words need to be received but also throughout his instructions to Pausanias he keeps echoing particular expressions and turns of phrase from Hesiod’s agricultural poem. In fact the echoes are so persistent one could easily suppose he is preparing his disciple for life as a farmer.
But there is more to the matter than that. For we can now start to see why, in this particular passage about how to look after Empedocles’ words, references to Zeus keep cropping up with extraordinary frequency. Empedocles assures Pausanias that if he does the work outlined for him he will come to possess, kteseai, many other things in good time. He promises him that his words have the power to give increase and growth, auxei. One of Zeus’ ritual titles was Ktesios. Another was Auxetes, “Giver of growth.”
He was also known as Plousios, “Giver of wealth”; as Georgos and Karpodotes, “Farmer” and “Giver of Fruits.” And just as significant is Empedocles’ way of telling Pausanias to oversee, epopteuein, the planting of his words with pure, katbaros, attention to the work. For two other titles of Zeus were Epoptes or Epopsios, “Overseer,” and Katbarsios: “Purifier.”
There is nothing coincidental about this cluster of hinting references. To Empedocles, Zeus was a uniquely important god. When he identifies each of his four primordial “roots” or elements with a divinity, Zeus is the one he allows to represent aitber—the element of our own immortality and pure divinity, the substance of our soul.
Plotino
But what are we to understand by this Zeus with the garden into which, we are told, Poros or Wealth entered? And what is the garden? We have seen that the Aphrodite of the Myth is the Soul and that Poros, Wealth, is the Reason-Principle of the Universe: we have still to explain Zeus and his garden.
We cannot take Zeus to be the Soul, which we have agreed is represented by Aphrodite.
Plato, who must be our guide in this question, speaks in the Phaedrus of this God, Zeus, as the Great Leader — though elsewhere he seems to rank him as one of three — but in the Philebus he speaks more plainly when he says that there is in Zeus not only a royal Soul, but also a royal Intellect.
As a mighty Intellect and Soul, he must be a principle of Cause; he must be the highest for several reasons but especially because to be King and Leader is to be the chief cause: Zeus then is the Intellectual Principle. Aphrodite, his daughter, issue of him, dwelling with him, will be Soul, her very name Aphrodite (= the habra, delicate) indicating the beauty and gleam and innocence and delicate grace of the Soul.
And if we take the male gods to represent the Intellectual Powers and the female gods to be their souls — to every Intellectual Principle its companion Soul — we are forced, thus also, to make Aphrodite the Soul of Zeus; and the identification is confirmed by Priests and Theologians who consider Aphrodite and Hera one and the same and call Aphrodite’s star the star of Hera. (MacKenna Eneada-III, 5, 8)
Guénon
A associação entre paternidade e raio encontra-se também, claramente na Antiguidade ocidental, visto que o raio é o principal atributo de Zeus Pater ou Júpiter, o “pai dos deuses e dos homens”, que alias fulmina os Titãs e os Gigantes, do mesmo modo que Tor e Parashu-Rama destroem os equivalentes desses últimos com suas armas de pedra (v. machado de pedra). (Guénon)
É interessante notar que os raios de Júpiter são forjados por Vulcano, o que estabelece uma certa relação entre o “fogo celeste” e o “fogo subterrâneo”, relação esta que não está indicada nos casos em que se trata das armas de pedra. (Guénon)