Simplicidade

As características do Uno decorrem por um raciocínio lógico de que ele é princípio. O que é antes de toda coisa deve ser necessariamente simples e diferente do que segue, sendo ele mesmo sem se misturar ao que vem dele, mas no entanto estando presente de uma outra maneira aos outros. Quando Plotino escreve do Uno «não sendo outra coisa, pois um, segundo o que seria falso que ele seja um», quer dizer que o fato de ser um não é uma característica que se adicionaria a uma substância, mas que constitui o Uno em sua simplicidade, pois este último não seria tal se compreende-se uma qualquer acidentalidade ou se fosse composto: não seria então princípio. Porque é simples, basta a ele mesmo. Sua simplicidade está ligada a que é o primeiro: se não o fosse teria necessidade de algo antes dele; se fosse composto seria posterior aos elementos que o comporiam. Não pode haver dois «Uno», pois de outro modo se confundiriam: logo é único. Não pode também ser corpo, pois um corpo não é simples, mas necessariamente composto; um corpo é produto, logo não pode ser princípio, pois o princípio não é produto (Eneada V, 4, 1).

O Uno é mais simples que a Inteligência, não tendo sua dualidade. É ele, por sua simplicidade, que engendra a Inteligência. Com efeito o número não é o primeiro: antes do dois há o um e o dois nasce do um (Eneada-VI, 9, 3). No topo do tratado contra os gnósticos encontra-se o que acaba de ser dito. Além do mais, não poderia haver no Uno distinção de potência e de ato «pois seria ridículo pôr naturezas múltiplas nos seres em ato e imateriais distinguindo a potência e o ato (Eneada-II, 9, 1).

Nada pode ser adicionado ao UnoBem; se se crer dever lhe adicionar outra coisa pelo pensamento só se chega a torná-lo deficiente: entre o que não se deve adicioná-lo se encontra o pensar (Eneada-III, 8, 11).

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