Categoria: Jean Gobry

  • kenosis (Gobry)

    gr. kénôsis: esvaziamento, depleção, pobreza, desprendimento; kenón (tó), vazio, vácuo. Latim: vacuum. O vácuo é considerado pelos gregos de dois modos diferentes: ou como fator de imperfeição, que põe em causa a totalidade e a perfeição da realidade (escola eleática), ou como fator de harmonia, que permite a diferenciação, a complementaridade e o movimento dos…

  • anagoge (Gobry)

    gr. ἀναγωγή, anâgogé, do verbo anágein. Esta ascensão é um retorno à origem da alma. O termo figura nas últimas palavras que Plotino teria dito, segundo Porfírio: “Ele afirma que ele se esforçava por fazer ascender o divino que está em nós ao divino que está no Todo”. gr. anagogikos = dirigindo ao mais elevado.…

  • automaton

    gr. αὐτόματον, autómaton, auromáton: espontaneidade. Distingue-se do conceito de chance, sorte (tyche) do conceito de chance do puro acidente natural ou azar, denominado automáton, adjetivo formado a partir de autós (si-mesmo) e mémona (μέμονα), voltar-se, inclinar-se.

  • boule

    βουλή era a assembleia deliberativa, a sede de deliberação. βουλευσις é o ato de aconselhamento e deliberação qua nomen ationis. A deliberação é um processo e é, assim, o que serve de base fundamental a toda a decisão. Não há decisão sem deliberação. A decisão é a expressão autêntica e o culminar do processo de…

  • kosmos

    kosmos (scil. aisthétós): ornamento, ordem, o universo visível, físico (ver kosmos noetos) 1. Há uma tradição (Aécio II, 1, 1 e D. L. viu, 48) de que o primeiro a descrever o universo como um kosmos foi Pitágoras; mas a noção de universo como uma ordem surge nos fragmentos dos seus antecessores (Anaximandro, Diels, frg.…

  • apeiron

    ápeiron: não limitado, indefinido, infinito, indeterminado 1. A arche de todas as coisas era, de acordo com Anaximandro, o apeiron, o não limitado. O termo é susceptível de várias interpretações que dependem de como se entende o limite (peras) que está a ser negado na palavra composta. Aristóteles inclui na sua Física, numa extensa discussão,…

  • apatheia

    gr. ἀπάθεια, apatheia: não afetado, sem pathe, impassível, impassibilidade (Peters). gr. ἀπαθής, apathés / apathes: impassível, insensível. Latim: impatiens. De páthos / pathos, paixão, fato de sofrer; e o prefixo privativo a-: sem paixão. eupátheia: emoção boa ou inocente. À partir du moment où le raisonnement porte sur le monde sensible, il ne saurait être…

  • andreia

    gr. andreía (he): coragem. Latim: fortitudo. Feminino substantivado do adjetivo andreios: masculino, viril, derivado de anér (gen. andrós): o homem masculino. Andreía é, em primeiro lugar, a coragem do guerreiro, bravura, valentia. Tornou-se depois virtude interior de força para o bem. (Gobry) Como veremos o sentido da ἀνδρεία não é de maneira nenhuma só coragem,…

  • ananke

    gr. ἀνάγκη, anánkê, anánke (he): necessidade. Latim: necessitas. Primitivamente: “decreto inexorável dos deuses” (Empédocles, fr. 125 e 126). Empregado depois em sentido filosófico (Platão, Aristóteles, Epicuro, estoicos). Aristóteles dedica uma nota à anánke em seu léxico filosófico, (Met., A, 5) na forma do qualificativo neutro ἀναγκαῖον, anankaion: o necessário. E dá cinco sentidos: (1) Condição…

  • anamnesis (Gobry)

    gr. ἀνάμνησις, anámnêsis: memória, recordação, relembrança, re-visão; anámnesis (he): reminiscência, anamnese. Num famoso trecho do Mênon (82a-86c), Sócrates, interrogando habilmente um jovem escravo ignorante, consegue fazê-lo chegar ao princípio pitagórico da duplicação do quadrado. Conclui daí que “a verdade existe desde sempre em nossa alma” (86b). Finalmente, “todo saber é reminiscência” (81d); no Fédon (72e-78a),…

  • anabasis (Gobry)

    gr. ἀνάβασις, anabasis = ascensão; analepsis = ascensão de Cristo. Este movimento da alma é uma conversão ou, mais literalmente, um “remontar” que se opõe à processão pela qual uma parte da alma “se torna” corpo, ou, melhor, está associada intimamente à organização do corpo vivo. A anabasis corresponde à anodos do livro VII da…

  • akinetos

    gr. ἀκίνητος, akínetos, akinetos, imóvel. De kinô, eu movo, com a privativo. O termo está em Filolau: “o Uno é eternamente imóvel” (em Fílon de Alexandria, Criação do mundo, 23); em Platão, o Ser é ao mesmo tempo imóvel e móvel (Sofista, 249d); em Aristóteles: o primeiro Motor é imóvel (Fís., VIII, 5). (Gobry) ἀκίνητος,…

  • aion

    gr. αἰών, aiôn: éon, período de vida, eternidade. Período de vida, época, éon. gr. ἀεί, aeí, perene, sempre, eternamente. Empregado frequentemente como adjetivo. Esses termos representam duração ilimitada à frente e atrás: o ser eterno não tem começo e nunca terminará. gr. ἀΐδιος, aídios: perpétuo, perduração no tempo (aidios kata chronon) que difere de eterno…

  • agenetos

    agénêtos: não gerado, incriado (universo); agénetos: sem começo. Em Platão, é a essência (eidos) e a alma humana; em Aristóteles, a matéria. (Gobry)

  • aei

    Excertos de Gobry aeí, eternamente. Empregado frequentemente como adjetivo. Esses termos representam duração ilimitada à frente e atrás: o ser eterno não tem começo e nunca terminará. O substantivo aión (ho), do qual derivou o adjetivo aiónios, tem um sentido indeciso: na maioria das vezes, duração (de uma vida, de um século), mas também eternidade.…

  • aitia

    aitía (he): causa. Latim: causa. Mais raramente: aítion (tó) / aition (to) Esse substantivo feminino e esse adjetivo neutro substantivado, usados pelos filósofos a partir de Platão, derivam do qualificativo aítios (aitios), que significa “autor de”: um homem de bem é autor de uma ação virtuosa, em geral de uma vitória. É desse termo que…

  • katharsis

    kathársis: purgação, purificação, catarse 1. katharsis, palavra com implicações religiosas e médicas, parece flutuar entre funções afirmativas e negativas nas mãos dos filósofos. Entre os pitagóricos a katharsis tinha, como era de esperar, fortes conotações religiosas. A katharsis é uma purificação da alma, efetuada, dizem-nos (Jamblico, Vita Pyth. 110), através da mousike, i. e., tornando-a…

  • homoiosis

    homoíôsis: assimilação (a Deus) Originariamente uma ideia pitagórica (ver Jâmblico, Vita Pyth. 137), a assimilação a Deus foi adotada mais tarde por Sócrates e Platão como descritiva do fim da filosofia (Estobeu, Ecl. II, 7, p. 49 e Teeteto 176a). A noção também era corrente entre os peripatéticos (ver Cícero, De fin. V, 4, 11;…

  • epithymia

    epithymía: desejo A desiderativa (epithymetikon) é uma das três «partes da alma na República IV, 434d-441c de Platão (uma distinção que Aristóteles acha pouco satisfatória (De anima 432a-b), mas que é pouco sustentada por Plotino, Enéadas I, 1, 5 e 6). É perecível e, segundo o Timeu 70d-e, está localizada abaixo do diafragma. Aristóteles faz…

  • dianoia

    VIDE Bernard SUZANNE : DIA – δια diánoia: entendimento Na linha platônica dianoia é um tipo de cognição entre a doxa e a noesis (Republica 510d-511a; para os objetos especiais da dianoia na linha platônica, ver mathematika). Em Aristóteles é usada como um termo mais geral para a atividade intelectual. Onde é oposta a nous…